Estamos na 'Era das Comunicações', da tecnologia que nos conecta 'ao mundo', podemos falar com quiser, a hora que quiser, de onde estivermos, online, mas então surge a grande dúvida: apesar de 'online' estamos realmente 'conectados'? Apesar de 'falarmos muito' e a todo momento, realmente tocamos o coração do outro? Nosso mundo cruza com o mundo dos outros? Estamos preenchidos, felizes, realizados?
As tecnologias avançadas são apenas ferramentas... do que nos adianta falar muito e não dizer nada? Para que servem tantas línguas se faltam palavras para expressar altos ideiais e sentimentos? O amor, por exemplo, hoje não se sabe ao certo o que é, pois vem sendo definido como praticamente qualquer coisa, expressa desde 'instintos sexuais', e as letras das músicas estão recheadas de 'amor picante'; também pode ser sinônimo da possessão que leva pessoas a matar seus objetos de desejo, e as manchetes de jornais mostram isso 'marido mata por amor'; mas também pode significar o sublime amor de Jesus ao seu Pai e aos seus irmãos, nós, a humanidade. Como assim, o Amor é tudo isso? O que é amor e o que não é amor? As palavras já não nos dizem muita coisa...
Falar é mais que preencher minutos, ocupar silêncios, interferir nas pausas. Para 'falar bem' é preciso ter a alma plena e a atenção desperta, pois só assim é possível relacionar o que se vê/ouve externamente com o mundo interior e, então, 'ter o que falar', ter especialmente 'o que acrescentar'. Você é fator de soma na vida das pessoas? O que você diz impacta mais positivamente ou negativamente? Alguém que ao dialogar está em contato com seu mundo interior passa a ter 'ideias claras', evita repetições desnecessárias, ou seja, nada de contar mil vezes a mesma história, o mesmo acontecimento até exauri-lo... sabia que isso é 'chato'?!
O filósofo Sócrates utilizava o processo da maiêutica para fazer seus discípulos "pensarem" |
Agressividade, ideias rígidas, falta de disposição para dialogar com pessoas que pensam diferente é sinônimo de 'medo'. Isso mesmo... medo de não conseguir sustentar as próprias ideias, medo de que ao ouvir o outro e a dar a razão também a ele você termine por estar errado e perder o chão de sustentação intelectual, afinal, você sempre pensou desse jeito... Mas, atenção, em um diálogo é sempre possível aprender algo mais, confrontar uma ideia nossa é, ao contrário, oportunidade de observar se ela realmente faz sentido, como a filósofa Hipátia de Alexandria dizia: que ela só poderia acreditar em algo que pudesse 'questionar', colocar em 'prova'. Colocar as próprias ideias em prova nos protege do dogmatismo, sabia? Porque assim podemos sempre estar nos 'reavaliando' e acrescentando algo mais para dar um colorido 'extra' ao que sabemos/vivemos.
A filósofa Hipátia só acreditava naquilo que podia "questionar" |
A capacidade de 'ouvir' está ligada à capacidade de 'sentir a dor do outro'. Aprender a 'intervir' no momento certo, sem cortar quem está falando bruscamente, ou sem falar por cima do interlocutor; responder partindo do que o outro havia dito, gerando um elo inteligente na conversação, em que se possa perceber princípio, meio e fim. Quando racionalizamos as conversações elas passam a fazer mais 'sentido', mas, para isso, temos que ter o domínio básico da nossa mente, que é tão 'faladora' quanto a nossa boca...
Escutar, antes de mais nada, é compreender e ser compreendido, você tem feito isso? É capaz de reconhecer os tesouros que os outros podem trazer a você durante o diálogo? Consegue trabalhar suas virtudes da paciência, do amor, do respeito, da inteligência ao dialogar com alguém? Você sabia que aprender a 'escutar' é a melhor maneira de 'falar'? Que tal colocar isso como meta?
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