O mítico Diógenes “o cínico” aparece despojado sobre a escadaria que simbolicamente representa o quartenário da teosofia. Alexandre, o Grande, trava uma acalorada discussão com o grande Sócrates no canto esquerdo da pintura. Pitágoras explica aos seus discípulos o mundo através das teorias matemáticas, enquanto Hipátia de Alexandria parece fitar o observador com um olhar que relembra as perseguições cometidas a ela pela igreja católica. Apoiado sobre uma coluna grega Epicuro lê um livro, enquanto atrás dele cruza o estóico Zenão de Cítio. No canto direito Euclides desenha uma figura geométrica perante um grupo de jovens, observado ao longe pelo filósofo espiritualista Plotino.
Raphael desenha a si próprio em meio a um diálogo junto aos grandes astrônomos da antiguidade: Ptolomeu e Zoroastro, transpondo a ideia medieval do artista como um mero artesão. Neste momento da história o artista passa a ser valorizado como um intelectual que consegue captar a arte como expressão do divino. A maestria com que Raphael consegue dar movimento aos personagens, situando-os em um espaço romano com uma perspectiva perfeita, enaltece as figuras dos pensadores que se movem com toda graça, exteriorizando sabedoria e conhecimento. Na mesma época em que este afresco era produzido, poucas salas adiante, outro ícone do renascimento pintava o teto da capela Cistina: Michelangelo, que tem sua face retratada na Escola de Atenas personificando um homem voltando-se para seu interior escrevendo sobre um bloco de granito: Heráclito.
Texto de Fred Arubú - Estudante de Filosofia da Nova Acrópole Cuiabá
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