terça-feira, 29 de outubro de 2013

Como lidar com a solidão?



A professora da Nova Acrópole de Brasília, Lúcia Helena Galvão, afirma que para 'lidar com a solidão' é preciso primeiramente observar como a enxergamos:

Se é como um momento especial, a exemplo da música 'Casa no campo', de Renato Teixeira... http://www.youtube.com/watch?v=V1TLX2fZG8w

Ou como uma fera que nos devora, na descrição da música de Alceu Valença....
http://www.youtube.com/watch?v=vctGmDWn9sc

Afinal de contas, o que sofremos será que é de solidão ou isolamento? Pesquisas apontam que ao comparar municípios pequenos, com até 4 mil habitantes, e São Paulo, onde há na região cerca de 18 milhões de pessoas, o fenômeno 'solidão' estaticamente maior é na região metropolitana paulista, a mais populosa do Brasil. Ou seja, os mais solitários parecem estar curiosamente no meio de milhões de pessoas, não faltando, deste modo, a presença do 'outro'. O que falta, então?

Lúcia Helena explica que para Platão, 'A solidão é o ateliê onde o atento artista de si mesmo trabalha a matéria da vida, não há arte ou beleza em geral sem ela'. A solidão negativa seria, deste modo, estar desacompanhado de si mesmo. Como o ser humano é evidentemente um ser social, necessita compartilhar afetividade, estar com o outro, estudos antropológicos e arqueológicos mostram que há milhões de anos os humanos já viviam em comunidade. Mas aí está a grande chave: para 'compartilhar' há que se ter algo a oferecer, não simplesmente 'a receber'.

Professora Lúcia Helena Galvão esclarece que apenas
quando não temos vida interior estar sozinho
é um incômodo
Muitas pessoas dizem que a vida é um 'vazio' e que o outro trará tudo aquilo da qual necessita, estabelecendo uma relação de passividade com a vida, com os relacionamentos, praticamente uma relação vampiresca, de mão única. "O homem que não tem vida interior vai esperar que o sentido da sua vida seja preenchido pelo outro, quando isso não ocorre se sente frustrado, o que gera ressentimentos, traumas que levam ao isolamento. Mas tudo isso porque depositou sua felicidade nas mãos de outras pessoas, mas é necessário entender que o outro pode apenas caminhar ao nosso lado".

Como fazer para desenvolver esse ritmo de preenchimento interno? Como buscar em nós o sentido da vida e as nossas motivações?
Platão fala sobre o conceito dos divinos ócios, hoje erroneamente associado a 'não fazer nada'. Adequadamente empregado, o divino ócio seria o momento do dia em que o ser humano reserva para alimentar a sua alma, para ter um encontro consigo mesmo. Nesse tempo, ele vai discutir o que fez naquele dia, quais foram suas escolhas, se elas estão de acordo com o seu sentido existencial, também pode acontecer de se chegar à conclusão que foi no caminho oposto...

"Se hoje eu dei um passo na direção errada, se fiz escolhas que não têm a ver com quem sou e para onde estou caminhando ainda dá tempo de mudar de rota. Porém, quando se passou muito tempo alienado talvez já esteja tarde para mudar, talvez seja mais difícil". A solidão, portanto, não é ruim. Pelo contrário, é um meio pelo qual nós encontramos vida interior, alegria, amor, paz, sentimentos que nos abastecem e que geram boa convivência não só conosco, com os outros também.

Num primeiro momento, voltar-se para dentro gera uma sensação muito ruim, de inquietação, falta-nos intimidade conosco. É comum quem fica sozinho em casa ligar TV, som, estar o tempo todo ao celular ou na internet...o que significa medo do vazio. Na psicologia fala-se das mães que têm a sensação do 'ninho vazio'. Mas aos poucos, com a prática desse diálogo interno, de contato com a própria alma, o indivíduo passa a não se interessar tanto pelos apelos externos, sabe dar a cada coisa sua devida proporção e não abre mão de jeito nenhum daqueles momentos do dia que necessita para 'fazer balanço', para se deleitar em um silêncio essencial para a sua saúde e felicidade.

A palestra é muito rica e interessante, quer assisti-la inteira? Acesse no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=PS_M-3yK_5M

3 comentários:

  1. Olá, querida professora! Voce é maravilhosa os assuntos que aborda é vibrante, até que enfim encontrei um corpo docente reunido ricamente nesta Nova Acrópole!Um beijo na sua alma florida aonde mora o perfume do saber!

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  2. Aula incrível! Agradeço à professora Lucia Helena pela riqueza do conhecimento que nos passa, nesta e em todas as suas aulas, sempre inspiradoras! Namastê!

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  3. boa tarde. CASA NO CAMPO E DE ZÉ RODRIX

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