Era
uma vez um garoto chamado August Rush. Ele cresceu em um orfanato e sempre teve
em seu coração a esperança de encontrar seus pais. Desde pequeno era muito
ligado a música, e sentia que através dela ele chegaria até eles. Um belo dia
ele decide sair do orfanato em busca de seu sonho. Ele vive uma grande aventura
e passa por muitas provas, sempre com a determinação de continuar sua busca,
pois nosso coração sempre nos mostra o caminho correto, basta ouvi-lo.
quinta-feira, 26 de maio de 2016
terça-feira, 24 de maio de 2016
Filosofia, Arte e Ciência no Renascimento - Dica de leitura
Coleção Tesouros do Mundo Antigo
Este livro é o Compêndio de uma série de artigos sobre a História, Filosofia, Arte e Ciência do Renascimento.
O propósito destes artigos é de proporcionar ao leitor uma experiência filosófica à maneira clássica ou seja, resgatar a ampla gama de conhecimentos e o espírito de universalidade e humanismo que a tradição aportou ao homem renascentista. Logo, fazer disto uma lente através da qual podemos investigar a nós mesmos e ao entorno de maneira mais ampla e mais profunda.
E que as sementes necessitam ser novamente semeadas, para que sobre as bases de uma verdadeira Cultura possa florescer um novo Renascimento.
Colaboração da Biblioteca Ganesha.
quinta-feira, 19 de maio de 2016
O Primeiro Advogado - artigo
Hoje venho contar uma história tão antiga como a humanidade, o nascimento de um ofício: a advocacia. Para isso, remeto-me a Mitologia Greco-Romana.
Há muito tempo, depois de passada a grande guerra entre os Deuses e os Titãs, o mundo era governado pelas divindades do Olimpo. O panteão grego era regido por três grandes divindades: Hades, o Deus do Submundo, Poseidon, o Deus dos mares e Zeus, o regente do Olimpo, aquele que venceu os Titãs, além de outras divindades que completavam este panteão.
Certo dia... Alirótio, filho de Poseidon, cometeu uma violência contra Alcipe, filha de Ares. Ao saber do fato ocorrido e do sofrimento da filha, Ares decidiu vingar-se e acabou matando Alirótio.
Quando Poseidon foi avisado do que havia ocorrido, ele fez uma denúncia formal e pediu para que Ares fosse julgado pelo tribunal dos Deuses do Olimpo. A denúncia foi aceita por Zeus, e o Deus da Guerra foi levado a julgamento, em uma alta Colina na Grécia, nos arredores da famosa cidade de Atenas.
Seria uma grande Utopia da minha parte, se eu contasse como foi feita esta defesa, o que o Deus da guerra alegou no dia do julgamento, isso a Mitologia não conta, não sabemos quais fundamentos jurídicos Ares utilizou. O que a história conta é que a defesa foi tão boa que o mesmo foi absolvido do crime.
Além da absolvição veio o reconhecimento. A cidade de Atenas foi uma das maiores Cidades-Estados que a Grécia Clássica teve, rivalizando com a vizinha do Peloponeso, Esparta. Atenas em homenagem ao fato ocorrido na colina resolveu nomeá-la de Areópago ou Colina de Ares.
Os atenienses escolheram esta Colina para formar o Tribunal. Em homenagem ao Deus da Guerra, diversos julgamentos aconteceram neste local e cada advogado que vinha defender ou atacar sentia um pouco da influência que este Deus deixou. Isso demonstra uma característica desta profissão que é a guerra. Todo advogado tem que ter este referencial quando começar um julgamento, deve saber de sua origem e guerrear pela causa que está subscrevendo.
A influência de Ares no Direito não se restringiu a Atenas, indo muito além. Todos os Cursos da Academia tem uma cor específica e no Direito não seria diferente, a cor do bacharel é a vermelha, assim como o Planeta Marte também é conhecido como o Planeta Vermelho, ressoando esta influência até os dias de hoje.
Ares para os gregos é o mesmo Deus Marte dos Romanos. A história tem alguns momentos peculiares, sendo um deles a conquista de Roma sobre a Grécia, já que, apesar da dominação romana, os gregos através das artes, da filosofia e mitologia influenciaram os romanos e o pensamento grego difundiu de maneira muito rápida por toda Europa, parece ter ocorrido o casamento perfeito entre o mundo intelectual dos gregos e a prática romana.
O direito atual, por exemplo, é muito influenciado pelo direito que era praticado em Roma, tanto é que usamos os termos em latim até hoje para explicar determinada situação jurídica. Sendo que Roma usava a cor vermelha em seus estandartes e símbolos. Porém se formos analisar de maneira rápida o nascimento da Cidade Romana, veremos que seus criadores, o herói Enéias e, depois de algumas gerações, os Gêmeos Rômulo e Remo, eram descendentes diretos de um Deus. Sendo este, o mesmo que defendeu a honra da filha no julgamento da Colina: o Deus Ares.
Em um momento de crise de valores no qual vivemos, é importante resgatar a origem das ideias, entender que um ofício é formado por um conceito Superior, o que deve nos inspirar a ser melhores em tudo que fazemos, lembrando que toda profissão está marcada por uma Divindade que merece respeito. E, por isso, não podemos jamais decepcioná-la, devendo assim, agir da maneira mais ética, para que possamos, no momento de uma audiência, ser um canal e deixar correr na nossa veia o sangue vermelho de Marte, e com isso travar a guerra justa, acreditando sempre que existe um Deus tutelando a nossa profissão.
Bruno Motta - Estudante de direito e voluntário da Escola de Filosofia, Nova Acrópole
Há muito tempo, depois de passada a grande guerra entre os Deuses e os Titãs, o mundo era governado pelas divindades do Olimpo. O panteão grego era regido por três grandes divindades: Hades, o Deus do Submundo, Poseidon, o Deus dos mares e Zeus, o regente do Olimpo, aquele que venceu os Titãs, além de outras divindades que completavam este panteão.
Certo dia... Alirótio, filho de Poseidon, cometeu uma violência contra Alcipe, filha de Ares. Ao saber do fato ocorrido e do sofrimento da filha, Ares decidiu vingar-se e acabou matando Alirótio.
Quando Poseidon foi avisado do que havia ocorrido, ele fez uma denúncia formal e pediu para que Ares fosse julgado pelo tribunal dos Deuses do Olimpo. A denúncia foi aceita por Zeus, e o Deus da Guerra foi levado a julgamento, em uma alta Colina na Grécia, nos arredores da famosa cidade de Atenas.
Seria uma grande Utopia da minha parte, se eu contasse como foi feita esta defesa, o que o Deus da guerra alegou no dia do julgamento, isso a Mitologia não conta, não sabemos quais fundamentos jurídicos Ares utilizou. O que a história conta é que a defesa foi tão boa que o mesmo foi absolvido do crime.
Além da absolvição veio o reconhecimento. A cidade de Atenas foi uma das maiores Cidades-Estados que a Grécia Clássica teve, rivalizando com a vizinha do Peloponeso, Esparta. Atenas em homenagem ao fato ocorrido na colina resolveu nomeá-la de Areópago ou Colina de Ares.
Os atenienses escolheram esta Colina para formar o Tribunal. Em homenagem ao Deus da Guerra, diversos julgamentos aconteceram neste local e cada advogado que vinha defender ou atacar sentia um pouco da influência que este Deus deixou. Isso demonstra uma característica desta profissão que é a guerra. Todo advogado tem que ter este referencial quando começar um julgamento, deve saber de sua origem e guerrear pela causa que está subscrevendo.
A influência de Ares no Direito não se restringiu a Atenas, indo muito além. Todos os Cursos da Academia tem uma cor específica e no Direito não seria diferente, a cor do bacharel é a vermelha, assim como o Planeta Marte também é conhecido como o Planeta Vermelho, ressoando esta influência até os dias de hoje.
Ares para os gregos é o mesmo Deus Marte dos Romanos. A história tem alguns momentos peculiares, sendo um deles a conquista de Roma sobre a Grécia, já que, apesar da dominação romana, os gregos através das artes, da filosofia e mitologia influenciaram os romanos e o pensamento grego difundiu de maneira muito rápida por toda Europa, parece ter ocorrido o casamento perfeito entre o mundo intelectual dos gregos e a prática romana.
O direito atual, por exemplo, é muito influenciado pelo direito que era praticado em Roma, tanto é que usamos os termos em latim até hoje para explicar determinada situação jurídica. Sendo que Roma usava a cor vermelha em seus estandartes e símbolos. Porém se formos analisar de maneira rápida o nascimento da Cidade Romana, veremos que seus criadores, o herói Enéias e, depois de algumas gerações, os Gêmeos Rômulo e Remo, eram descendentes diretos de um Deus. Sendo este, o mesmo que defendeu a honra da filha no julgamento da Colina: o Deus Ares.
Em um momento de crise de valores no qual vivemos, é importante resgatar a origem das ideias, entender que um ofício é formado por um conceito Superior, o que deve nos inspirar a ser melhores em tudo que fazemos, lembrando que toda profissão está marcada por uma Divindade que merece respeito. E, por isso, não podemos jamais decepcioná-la, devendo assim, agir da maneira mais ética, para que possamos, no momento de uma audiência, ser um canal e deixar correr na nossa veia o sangue vermelho de Marte, e com isso travar a guerra justa, acreditando sempre que existe um Deus tutelando a nossa profissão.
Bruno Motta - Estudante de direito e voluntário da Escola de Filosofia, Nova Acrópole
quarta-feira, 18 de maio de 2016
Dia de Leitura - Carta sobre a Felicidade
Carta sobre a Felicidade - Epicuro
“Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do Espírito".
Este é um pequeno trecho deste livro do filósofo Epicuro, uma carta envolvente que nos convida a buscar a filosofia e a trabalhar por um mundo novo e melhor.
Epicuro nos convida a viver a filosofia de maneira plena e a colocar ela em todos os momentos da nossa vida.
Colaboração: Biblioteca Ganesha
Nova Acrópole Cuiabá
“Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do Espírito".
Este é um pequeno trecho deste livro do filósofo Epicuro, uma carta envolvente que nos convida a buscar a filosofia e a trabalhar por um mundo novo e melhor.
Epicuro nos convida a viver a filosofia de maneira plena e a colocar ela em todos os momentos da nossa vida.
Colaboração: Biblioteca Ganesha
Nova Acrópole Cuiabá
quarta-feira, 11 de maio de 2016
Odisseia - palestra com Lúcia Helena Galvão
Embarque conosco nesta fascinante viagem de autoconhecimento escrita, por Homero, para o homem de todos os tempos e descubra o simbolismo de uma das histórias mais conhecidas em todo mundo! Na companhia de Ulisses realizaremos uma Odisséia interior conferindo as provas que passamos diariamente, inclusive para relembrar quem somos, de onde viemos e para onde regressamos, a nossa Ítaca.
Nova Acrópole é uma organização filosófica presente em mais de 50 países há 54 anos, e tem por objetivo desenvolver em cada ser humano aquilo que tem de melhor, por meio da Filosofia, da Cultura e do Voluntariado.
www.acropolis.org
www.acropole.org.br (Brasil - Centro-Oeste, Norte e Nordeste, exceto Bahia)
www.nova-acropole.org.br (Brasil - Sul, Sudeste e Bahia)
terça-feira, 10 de maio de 2016
Dica de Leitura - O Universo como resposta
O Universo como resposta - Jorge Angel Livraga
Alguma vez você já se perguntou por que sentimos dor? Que opções o homem têm na vida? Com cinco palestras ministradas pelo professor Jorge Angel Livraga, posso te trazer algumas soluções de inquietudes vividas pelo homem ao longo dos anos que nos leva a refletir sobre nosso posicionamento diante da vida.
Abordarei palestras como “Sociedade do conforto e teoria do risco”, “O Universo como resposta”, “Nós, os acropolitanos”, entre outras. Abra minhas páginas e desvele um pouco mais os mistérios do nosso Universo.
Alguma vez você já se perguntou por que sentimos dor? Que opções o homem têm na vida? Com cinco palestras ministradas pelo professor Jorge Angel Livraga, posso te trazer algumas soluções de inquietudes vividas pelo homem ao longo dos anos que nos leva a refletir sobre nosso posicionamento diante da vida.
Abordarei palestras como “Sociedade do conforto e teoria do risco”, “O Universo como resposta”, “Nós, os acropolitanos”, entre outras. Abra minhas páginas e desvele um pouco mais os mistérios do nosso Universo.
Texto da Voluntária da Nova Acrópole Cuiabá - Marina Germinaro
domingo, 8 de maio de 2016
Por dentro da Escola de Atenas - pintura de Raphael Sanzio
O afresco conhecido como “A escola de Atenas” é uma das obras primas do artista renascentista Raphael Sanzio, encomendada pelo papa Júlio II, no ano de 1509, para decorar sua biblioteca, a chamada sala da assinatura no Vaticano. A obra representa um momento de transição da igreja católica ao permitir que o panteão dos filósofos gregos fosse representado em pleno ambiente cristão. O pensamento humanista e a retomada dos valores greco-romanos são representados brilhantemente pelas figuras dos filósofos, matemáticos, astrônomos e maiores pensadores da história presentes nesta pintura. As figuras centrais do afresco são os dois grandes filósofos gregos da antiguidade: Platão e Aristóteles, caminhando em um diálogo peripatético. Platão, de pés descalços, leva seu livro Timeu debaixo do braço apontando o dedo para cima invocando o etéreo, o mundo das ideias. Ao lado, seu discípulo Aristóteles, carregando o livro Ética a Nicômaco, aponta a palma da mão para baixo voltando sua atenção para o mundo físico. Apolo, Deus do sol, e Atena, Deusa da sabedoria, aparecem acima das figuras humanas que projetam uma linha imaginária separando os Deuses do Olimpo dos homens mortais.
O mítico Diógenes “o cínico” aparece despojado sobre a escadaria que simbolicamente representa o quartenário da teosofia. Alexandre, o Grande, trava uma acalorada discussão com o grande Sócrates no canto esquerdo da pintura. Pitágoras explica aos seus discípulos o mundo através das teorias matemáticas, enquanto Hipátia de Alexandria parece fitar o observador com um olhar que relembra as perseguições cometidas a ela pela igreja católica. Apoiado sobre uma coluna grega Epicuro lê um livro, enquanto atrás dele cruza o estóico Zenão de Cítio. No canto direito Euclides desenha uma figura geométrica perante um grupo de jovens, observado ao longe pelo filósofo espiritualista Plotino.
Raphael desenha a si próprio em meio a um diálogo junto aos grandes astrônomos da antiguidade: Ptolomeu e Zoroastro, transpondo a ideia medieval do artista como um mero artesão. Neste momento da história o artista passa a ser valorizado como um intelectual que consegue captar a arte como expressão do divino. A maestria com que Raphael consegue dar movimento aos personagens, situando-os em um espaço romano com uma perspectiva perfeita, enaltece as figuras dos pensadores que se movem com toda graça, exteriorizando sabedoria e conhecimento. Na mesma época em que este afresco era produzido, poucas salas adiante, outro ícone do renascimento pintava o teto da capela Cistina: Michelangelo, que tem sua face retratada na Escola de Atenas personificando um homem voltando-se para seu interior escrevendo sobre um bloco de granito: Heráclito.
Texto de Fred Arubú - Estudante de Filosofia da Nova Acrópole Cuiabá
O mítico Diógenes “o cínico” aparece despojado sobre a escadaria que simbolicamente representa o quartenário da teosofia. Alexandre, o Grande, trava uma acalorada discussão com o grande Sócrates no canto esquerdo da pintura. Pitágoras explica aos seus discípulos o mundo através das teorias matemáticas, enquanto Hipátia de Alexandria parece fitar o observador com um olhar que relembra as perseguições cometidas a ela pela igreja católica. Apoiado sobre uma coluna grega Epicuro lê um livro, enquanto atrás dele cruza o estóico Zenão de Cítio. No canto direito Euclides desenha uma figura geométrica perante um grupo de jovens, observado ao longe pelo filósofo espiritualista Plotino.
Raphael desenha a si próprio em meio a um diálogo junto aos grandes astrônomos da antiguidade: Ptolomeu e Zoroastro, transpondo a ideia medieval do artista como um mero artesão. Neste momento da história o artista passa a ser valorizado como um intelectual que consegue captar a arte como expressão do divino. A maestria com que Raphael consegue dar movimento aos personagens, situando-os em um espaço romano com uma perspectiva perfeita, enaltece as figuras dos pensadores que se movem com toda graça, exteriorizando sabedoria e conhecimento. Na mesma época em que este afresco era produzido, poucas salas adiante, outro ícone do renascimento pintava o teto da capela Cistina: Michelangelo, que tem sua face retratada na Escola de Atenas personificando um homem voltando-se para seu interior escrevendo sobre um bloco de granito: Heráclito.
Texto de Fred Arubú - Estudante de Filosofia da Nova Acrópole Cuiabá
quarta-feira, 4 de maio de 2016
De onde surgem os heróis - Homenagem a Marechal Cândido Rondon
Todo povo na construção de sua identidade possui heróis. Homens que por seus valores e virtudes, quando colocados à prova, eram fiéis a eles mesmos e por isso faziam grandes feitos, os diferenciando de homens comuns. Civilizações como a Grega deixaram o legado de heróis míticos, como por exemplo, Hércules e Teseu, que serviam de inspiração a todos, e ajudavam a formar os valores coletivos daquele povo.
Em um momento que falar de valores humanos está tão fora de moda, mesmo que seja tão urgente voltar a dar importância a isso, é sempre bom lembrarmos de homens que tinham sua conduta inspirada em heróis. Do século passado poderíamos lembrar de Mahatma Gandhi, e seu exemplo moral em combater não por meio da violência e sim através do próprio esforço, tudo aquilo que fazia seu povo e seu país, a Índia, serem subjugados por colonizadores. Ou mesmo Nelson Mandela, que depois de 27 anos de prisão, saiu da cadeia diretamente para a presidência da África do Sul, e quando todos pediam vingança e revanchismo, pelo perdão fez um governo de unidade nacional.
Entretanto, vamos falar de heróis brasileiros, apesar de alguns acharem que não os temos. Dedicaremos este artigo a Cândido Mariano da Silva Rondon, mais conhecido como Marechal Rondon, nascido em 5 de maio de 1865, em Mimoso e órfão desde os 2 anos de idade. Descendente de indígenas (etnia Terena, Bororo e Guaná) viveu com seus avós até os 07 anos, quando se mudou para Cuiabá, onde ficou aos cuidados do tio e iniciou os estudos no Colégio Estadual Liceu Cuiabano.
Ele não se contentou com uma vida comum e por força de vontade superou suas muitas dificuldades ao compreender seu próprio papel no mundo. Dizem que os heróis são aqueles que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. O feito pouco importa, pois o que mais vale é a superação dos próprios limites do homem. A capacidade de demonstrar valor em situações difíceis, sem jamais se deter ante as situações as quais a maioria desiste. Virtuoso é aquele que em tudo que faz pode servir de modelo para uma sociedade ou comunidade, mostrando que o homem pode ser muito maior do que pensa.
Rondon viveu de alguma forma estes aspectos e talvez, por isso, tenha deixado seu nome marcado na história. Foi o 2º ser humano a receber em sua homenagem um meridiano, após cumprir missões abrindo caminhos, desbravando terras, lançando linhas telegráficas, fazendo mapeamentos de terrenos, ligando o ‘Oiapoque ao Chuí’ e, principalmente, estabelecendo relações cordiais com os índios Bororo, Nhambiquara, Urupá, Jaru, Karipuna, Ariquemes, Boca Negra, Pacaás Novo, Macuporé, Guaraya, Macurape.
Tinha o constante sentido de servir. Em 15 de novembro, dia da Proclamação da República Brasileira, em uma de suas missões nos confins do Brasil disse: “Não posso conceber esse dia sem intensa vibração patriótica pelos destinos da Pátria que tanto amo. E porque amor é ação, é serviço, procuro servi-la sem medir sacrifício: Melhor ama sua Pátria quem melhor a serve e não quem diz que a ama!”.
Entre seus feitos está o esforço para demarcar as fronteiras do território nacional, em épocas onde não existiam estradas e o trajeto era feito por mulas, ou a pé. Instalou linhas teleféricas para comunicar rincões perdidos aos grandes centros do Brasil e, assim, consolidar as dimensões continentais do país. Chefiou missões e percorreu mais de 100 mil quilômetros, descobriu serras, planaltos, montanhas e rios, elaborando as primeiras cartas geográficas de cerca de 500 mil quilômetros quadrados de território brasileiro desconhecido, proporcional ao tamanho da França. Protetor dos indígenas, demarcando suas terras, sendo seus esforços fundamentais para a criação posterior da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
Entre as inúmeras histórias de sua jornada, pode-se destacar uma em especial, narrada pelo próprio Rondon:
“(…) havíamos utilizado uma canoa para atravessar o rio, contudo, os índios a haviam soltado. Foi tão grande a decepção que tirou aos meus abatidos companheiros os últimos restos de coragem e energia. Como transpor o rio? A nado? Seria impossível para homens famintos, derreados pela fadiga, doentes, apavorados com a possibilidade de um ataque.
A situação não comportava palavras e gestos inúteis. Era preciso agir. Construí uma pelota com um couro de boi. Carreguei-a com volumes de material e, a nado, por meio de uma corda presa aos dentes fui rebocando a pelota através da correnteza. Entre 13h e 16hs, depois de repetidas viagens, tinha transportado os doentes, e o material.
Um dos homens, completamente exausto, destacou-se da tropa, preferindo deixar-se exterminar ou morrer. Retrocedi e encontrei-o estendido no chão. Resolvi carregá-lo nos ombros, mas minha solicitude fê-lo reviver: ergueu-se e me acompanhou”.
Frases de Rondon:
“ Ao lado das forças egoístas – a serem reduzidas a meios de conservar o indivíduo e a espécie – existem no coração do homem: tesouros de amor que a vida em sociedade sublimará cada vez mais”.
“Somente relações pacíficas e fraternais poderão fundir e homogeneizar os núcleos humanos (...) mas o que torna possível essas relações é o aperfeiçoamento moral, que não tem caminhado com a mesma velocidade. Preocupado com o mundo exterior, esqueceu-se o Homem do que mais importa, o seu próprio aperfeiçoamento (...) Há conflitos dentro de cada cabeça, conflitos que se dilatam, em cuja colisão tomam preconceitos e antagonismos, caráter muito mais grave do que outrora”.
Ao chegar em Manaus e ser recebido com um presente caríssimo falou:
“Não posso aceitar o presente que quiseram mimosear minha esposa. As pérolas do afeto que me quiseste testemunhar são a joia mais preciosa e que guardarei para sempre.
Não é possível à minha esposa, esposa de um simples oficial, usar as pérolas de um valioso colar, em desacordo com o nosso modesto padrão de vida. Aceitai-o, pois de novo, com os meus mais comovidos agradecimentos”.
Seu Legado:
- Em 1889, Rondon participou diretamente com Benjamim Constant das articulações que resultaram na Proclamação da República Brasileira, sendo um dos comandantes do 2º Regimento de Artilharia à Cavalo que faziam o cerco ao Gabinete de Visconde de Ouro Preto;
- Entre 1892 a 1898 ajudou a construir as linhas telegráficas de Mato Grosso a Goiás, entre Cuiabá e o Araguaia, e uma estrada ligando Cuiabá a Goiás;
- Entre 1900 e 1906 dirigiu a construção de mais uma linha telegráfica, entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras do Paraguai e Bolívia;
- Em 1906 encontrou as ruínas do Real Forte Príncipe da Beira, a maior relíquia histórica de Rondônia;
- Em 1907, no posto de major do Corpo de Engenheiros Militares, foi nomeado chefe da comissão que deveria construir a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antonio do Madeira, a primeira a alcançar a região amazônica, e que foi denominada Comissão Rondon. Seus trabalhos desenvolveram-se de 1907 a 1915. Nesta mesma época estava sendo construída a ferrovia Madeira-Mamoré, que junto com o desbravamento e integração telegráfica de Rondon ajudaram a ocupar a região do atual estado de Rondônia.
- Realizou expedições com a comissão Rondon com o objetivo de explorar a região Amazônica. Em 1910 organizou e passou a dirigir o Serviço de Proteção aos Índios e de maio de 1913 a maio de 1914 realizou mais uma expedição, em conjunto com ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt. (Wikipédia – acesso em 03/05/2016, às 10h05).
domingo, 1 de maio de 2016
Sobre o Trabalho - Khalil Gibran
E ele respondeu, dizendo:
Vós trabalhais para poder manter a paz com a terra e a alma da terra.
Pois ser ocioso é tornar-se estranho às estações e ficar afastado da procissão da vida que marcha majestosamente e com orgulhosa submissão em direção ao infinito.
Quando trabalhais sois uma flauta através da qual o sussurro das horas se transforma em música.
Qual de vós quereria ser uma cana muda e silenciosa, quando tudo o resto canta em uníssono?
Sempre vos disseram que o trabalho é uma maldição e o labor um infortúnio.
Mas eu digo-vos que quando trabalhais estais a preencher um dos sonhos mais importantes da terra, que vos foi destinado quando esse sonho nasceu, e quando vos ligais ao trabalho estais verdadeiramente a amar a vida, e amar a vida através do trabalho é ter intimidade com o segredo mais secreto da vida.
Mas se na dor chamais ao nascimento uma provação e à manutenção da carne uma maldição gravada na vossa fronte, então vos digo que nada, exceto o suor na vossa fronte, apagará aquilo que está escrito.
Também vos foi dito que a vida é escuridão, e no vosso cansaço fazeis-vos eco de tudo o que os cansados vos disseram.
E eu digo que a vida é mesmo escuridão excepto quando existe necessidade, e toda a necessidade é cega exceto quando existe sabedoria.
E toda a sabedoria é vã exceto quando existe trabalho, e todo o trabalho é vazio exceto se houver amor; e quando trabalhais com amor estais a ligar-vos a vós mesmos, e uns aos outros, e a Deus.
E o que é trabalhar com amor?
É tecer o pano com fios arrancados do vosso coração, como se os vossos bem amados fossem usar esse pano.
É construir uma casa com afeto, como se os vossos bem amados fossem viver nessa casa.
É semear sementes com ternura e fazer a colheita com alegria, como se os vossos bem amados fossem comer a fruta.
É dar a todas as coisas um sopro do vosso espírito, e saber que todos os abençoados defuntos estão à vossa volta a observar-vos.
Muitas vezes vos ouvi dizer, como se estivésseis a falar durante o sono, "Aquele que trabalha o mármore e encontra na pedra a forma da sua própria alma é mais nobre do que aquele que trabalha a terra.
E aquele que agarra o arco-íris para o colocar numa tela à semelhança do homem, é mais do que aquele que faz as sandálias para os nossos pés."
Mas eu digo, não no sono, mas no despertar, que o vento não fala mais documente com o carvalho gigante do que com a mais ínfima erva; e é grande aquele que, sozinho, transforma a voz do vento numa canção tornada doce pelo seu amor.
O trabalho é o amor tornado visível.
E se não sabeis trabalhar com amor mas com desagrado, é melhor deixardes o trabalho e sentar-vos à porta do templo a pedir esmola àqueles que trabalham com alegria.
Pois se fizerdes o pão com indiferença, estareis a fazer um pão tão amargo que só saciará metade da fome.
E se esmagardes as uvas de má vontade, essa má vontade contaminará o vinho com veneno.
E se cantardes como anjos mas não apreciardes os cânticos, estareis a ensurdecedor os ouvidos do homem às vozes do dia e às vozes da noite.
Do livro “O Profeta” - Khalil Gibran
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