Dando continuidade a um ciclo de palestras gratuitas, a Nova Acrópole Cuiabá traz como tema de hoje, às 19h30, a busca do ser humano pela felicidade. Onde encontrá-la afinal?
“A felicidade não consiste em adquirir nem em desfrutar, mas sim em nada desejar, consiste em ser livre” (Epicteto)
Como viver uma vida plena e feliz? De que modo não se desgastar com o estresse do dia a dia, nem com os dores que afligem a humanidade? Mesmo sendo uma pessoa comum é possível desenvolver qualidades morais? Responder a essas duas perguntas fundamentais foi a única paixão de Epicteto, um filósofo grego estóico que viveu a maior parte de sua vida em Roma, como escravo a serviço de Epafrodito, o cruel secretário de Nero, que conforme a literatura, uma vez lhe quebrou uma perna. Embora suas obras sejam menos conhecidas hoje, em função do declínio do ensino da cultura clássica, tiveram enorme influência sobre as ideias dos principais pensadores da arte de viver durante quase 2 mil anos. Para Epicteto, uma vida feliz e uma vida virtuosa são sinônimas. Felicidade e realização pessoal são consequências naturais de atitudes corretas. Para entender um pouco mais a proposta desse filósofo, a Nova Acrópole Cuiabá convidada a todos para uma palestra gratuita hoje, às 19h30, com o tema ‘A aventura de viver e ser feliz’.
Para o professor de filosofia acropolitana, Roni Almeida, a primeira ideia a ser esclarecida: estar vivo não significa viver, pois viver é algo um pouco mais complexo; é aquilo que faz o ser humano se relacionar com tudo aquilo que toca. Aprender a se harmonizar exige uma ciência que se chama ‘a arte de viver’. Embora os familiares se esforcem para oferecer um direcionamento nesse sentido, viver vai além dos imperativos da vida material, é mais que ter uma profissão, um trabalho, comprar uma casa, um carro, casar-se, ter filhos ou viajar. “A saga do homem tem a ver com a vivência de valores, de virtudes, porque se observamos a natureza, os animais tratam ‘da sobrevivência’ muito melhor que nós. Então, será que nossa vida deveria ter como foco apenas isso? A filosofia nos faz refletir acerca do assunto”.
A construção de si mesmo a partir de um conceito clássico de educação é uma das propostas da filosofia à maneira clássica, desenvolvida pela Nova Acrópole, escola hoje presente em 55 países. Essa educação é uma ciência que trata da capacidade do homem de eduzir, ou ‘tirar de dentro’ uma série de potencialidades. Almeida acrescenta que um dos primeiros passos para esta busca está na autenticidade. Alguns conceitos, como ‘uma andorinha sozinha não faz verão’, na prática, não fazem sentido, já que os grandes homens da humanidade, como Jesus, Buda, Galileu Galilei (que quase foi morto na fogueira da Inquisição por afirmar que a Terra gira em torno do sol - heliocentrismo) foram acima de tudo visionários, empreendedores. “Se caminhamos sozinhos muitas vezes achamos que estamos errados, mas a felicidade exige acima de tudo autenticidade e coragem”.
Como reconhecer o caminho? A tradição tem muito a ensinar, a constituição setenária hindu, por exemplo, representa o homem a partir de sete corpos, dos quais quatro materiais (mente, emoções, energético e físico) e três espirituais (ou tríade: virtudes, intuição e vontade). A partir do conhecimento sobre esses corpos, é possível saber eleger entre o que se gosta e necessita. Uma dica: a mente deve prevalecer sobre cada um dos veículos, de modo a apaziguar as emoções senão as tomadas de decisão serão por impulso e nem sempre inteligentes. “É preciso refletir antes de agir, na vida tudo o que requer um esforço é o que vale a pena, no entanto, geralmente não temos essa sabedoria de saber querer porque buscamos continuar na lei da inércia, preferindo a comodidade, o que é mais fácil ao invés do que é próprio nosso, do que nos faria realmente feliz”, avalia o professor de filosofia.