"...não podemos conceber o dirigente político se antes não houver despertado nele o filósofo, pois se não puder conhecer e dominar a si mesmo, como poderá conhecer e guiar os demais?"
(Jorge Angel Livraga)
Você realmente sabe o que é 'política'? Não confunda com 'demagogia'. Platão descreve em sua 'A República' que a política é a 'arte de conduzir homens', mas que antes é preciso ter domínio de si mesmo, pois só desta forma haverá meios de evitar um dos problemas mais antigos da ciência política e da organização em geral: a falta de justiça. A definição clássica da Justiça é dar a cada componente da sociedade aquilo que lhe é próprio, conforme seus atos e natureza. O conceito no âmbito intelectual parece simples e fácil de entender e mesmo de aplicar, porém na vida prática não é bem assim. "Em primeiro lugar, devemos descartar desde já o princípio mal compreendido e nunca bem aplicado da igualdade, como afirmava Aristóteles, a justiça só pode ser igual entre iguais, usá-lo entre desiguais é um equívoco sem tamanho, o que falseia o mais fundamental espírito da própria justiça", afirma o diretor da Nova Acrópole Cuiabá, Roni Almeida, durante a palestra de abertura de turma na noite de ontem.
Ele explica que para o homem evoluir é preciso estar, neste momento histórico em sociedade. Quanto mais complexas as relações, mais a vida oferece meios de desenvolvimento. Um exemplo é um bebê que mantém contato inicialmente apenas com a mãe, depois com pai e irmãos, e que ao crescer aumenta o número de pessoas e 'relações', incluindo vizinhos, colegas e professores na escola, posteriormente, na juventude, namorado/namorada e a família dele/dela, colegas de trabalho, de curso de inglês, etc. "A filosofia natural é justamente essa que nós podemos enxergar na natureza, na vida, estar em sociedade é sinônimo de evolução, mas hoje a maioria não consegue perceber os meios de evoluir porque o Estado não cumpre o seu papel ao conduzir esse processo educativo que é a unificação de todos".
Estátua: imperador Marco Aurélio |
"Pratica cada um dos teus atos como se fosse o último da tua vida". Esta fala de Marco Aurélio, imperador romano entre 161 e 180 antes de Cristo, Aurelius significa 'dourado'. Seu reinado foi marcado por guerras na parte oriental do império romano contra os partas, e na fronteira norte contra os germanos. Foi o último dos cinco bons imperadores, e é lembrado como um governante bem-sucedido e culto; dedicou-se à filosofia, especialmente à corrente filosófica do estoicismo, e escreveu uma obra que até hoje é lida, 'Meditações'. Roni pontua que como na natureza,estamos em um ciclo histórico de decadência moral, período já vivenciado por dezenas de outras civilizações (egípcia, grega, persa, romana, asteca, etc). Como no ciclo da natureza, quando tomba uma árvore, as bactérias ajudam nesse processo de decomposição daquilo que morreu. "A política hoje é essa árvore caída e os vermes que estão lá cumprem o seu papel histórico, pois esse material decomposto dará origem a algo novo, este é o ciclo da vida".
Cabe ao Estado mediar relações, aplicar Justiça, conduzir cidadãos, como um bom pai que tem um ideal de vida e busca encaminhar seus pequeninos a sair da condição animalesca para uma condição civilizada e com atributos próprios do homem. E o que cabe ao homem se não viver as virtudes? A moral? Ou seja, aquilo que o aproxima do divino. "Hoje o homem perdeu a humildade, acha-se o suprassumo, centro de tudo, despreza todo seu passado, avalia os egípcios como povos atrasados porque adoravam animais, mas eles nunca adoraram animais! A ciência hoje é um dogma e a tecnologia dá um ar de evolução, mas o que é evolução mesmo? O que é viver bem? É ter um aparelho eletrônico? Viajar para o exterior? Então por que tantas pessoas que investem no 'ter' são infelizes e deprimidas?", instiga o professor Roni, que quer levar seus alunos a 'refletir sobre si mesmo e o sentido da vida'.
O homem atual acredita que os egípcios eram povos atrasados porque 'adoravam' animais. Para Platão, aqueles que 'acham que sabem' são os mais ignorantes |
"Nós temos que sair do mundo das opiniões para viver as ideias, uma boa maneira de fazer isso é sair da massificação. Não é ser isso ou aquilo ou pensar assim ou assado porque está na moda, é assumir quem somos, apesar das críticas. Como indivíduo é aquilo que não se divide (indivisível), só conquistamos a felicidade tirando todas as máscaras, voltando-nos para dentro e vivendo experiências genuinamente humanas, pense sobre o que é ser humano. Tudo que é próprio nosso vamos levar deste mundo quando dermos nosso último suspiro".
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