sábado, 2 de março de 2013

Deus





"Nos dias remotos, quando o primeiro conjunto de palavras veio aos meus lábios, eu subi a montanha sagrada e falei com Deus, dizendo: 'Mestre, eu sou teu escravo. Tua vontade oculta é a minha lei, e eu hei de obedecê-lo eternamente';

Porém, Deus não deu nenhuma resposta e, como uma poderosa tempestada, se foi.

E, após milhares de anos, eu subi a montanha sagrada e novamente falei com Deus, dizendo: 'Criador, eu sou tua criação. Do barro Tu me criaste, e a ti eu devo tudo o que sou'.

E Deus não deu nenhuma resposta, mas, como milhares de asas rápidas, Ele se foi.

E , após milhares de anos, eu escalei a montanha sagrada e falei com Deus novamente, dizendo: 'Pai, eu sou teu filho. Em piedade e amor, Tu me deste nascimento e, através do amor e da adoração, eu hei de herdar o Teu reino'.

E Deus nada respondeu, mas, como a névoa que recobre as colinas distantes, ele se foi.

E após milhares de anos, eu escalei a montanha sagrada e novamente falei com Deus, dizendo: 'Meu Deus, meu objetivo e minha realização: Eu sou Teu ontem e Tu e´s o meu amanhã. Eu sou tua raiz na terra e Tu éas a minha flor no céu e, junto, crescemos diante da face do Sol'.

Então, Deus se inclinou em minha direção e, em meus ouvidos, sussurrou palavras doces e, como o mar que envolve os riachos que correm em sua direção, ele me abraçou.

E quando eu desci aos vales e planíceis, Deus também estava lá"

Gibran Khalil Gibran

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