Narciso 'não gostava daquilo que não fosse sua imagem refletida'. E você, é como ele? Imagem de Caravaggio, pintor barroco |
Falamos de trabalhos difíceis, de matérias difíceis, de situações difíceis, de atuações ou circunstâncias difíceis, de pessoas difíceis, de épocas difíceis...a lista seria interminável e não pretendemos completá-la nem dar uma solução para cada um dos casos nestas poucas linhas. Queremos sim, chamar a atenção sobre a posição interior de quem deve se enfrentar com o 'difícil'.
Quase todos reconhecemos que há coisas fáceis: geralmente são as que os outros fazem e umas poucas que nós mesmos realizamos satisfatoriamente. Não sei por que a maioria das pessoas pensa que 'os outros' têm coisas fáceis para fazer e que a vida acumula as dificuldades sobre si e não sobre os demais. Talvez seja porque a maioria das pessoas não sabe se colocar verdadeiramente no lugar dos demais.
Por outro lado, cada um sabe que por dar conta de certas situações e que tem capacidade para fazer bem ou muito bem algumas tarefas. Porém, junto a essas, somam-se muitíssimas outras que se veem como insolúveis, como metas inalcançáveis.
Pense um pouco: o fácil em si não existe. Se perguntássemos, uma a um, o que considera fácil, todos responderiam de maneira diferente. Existe, isto sim, o que sabemos e o que podemos fazer, e o que nem sabemos nem podemos fazer. O fácil é o já aprendido, o que já se dominou e se realiza com desenvoltura. Quando, onde e como aprendemos? O que importa é que o aprendido e o assimilado se refletem como uma certa facilidade para atuar na vida.
Você costuma desistir do que é 'difícil'? |
É natural que a vida esteja repleta de coisas difíceis. Todos viemos ao mundo para aprender e para somar novos conhecimentos. Se tudo fosse sempre fácil, seria para chamar nossa atenção: ou estancamos no que já sabemos, ou nos tornamos inconscientes e não reconhecemos os novos degraus. O difícil é o que nos põe frente ao que nos cumpre adquirir neste momento, ao que - parecendo uma dura prova - é, no entanto, o exercício indispensável para que as experiências abram caminho na consciência.
Fonte: Para se conhecer melhor, Delia Steinberg Guzmán, Ed. Nova Acrópole, páginas 25, 26 e 27
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