segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Por que na maioria das vezes não combatemos nossos defeitos? Por que é tão difícil?


No livro sagrado hindu 'Bhagavad Gîtâ' (cerca 5 de séculos a. C.), que narra a história da guerra entre os soldados Pandavas e os Kuravas para conquistar Hastinapura (ou Cidade dos Elefantes) o guerreiro Arjuna, comandante dos Pandavas, em desânimo, diz a Krishna, seu mentor:

"Ó Senhor, vendo eu as faces e os vultos dos parentes que querem lutar uns contra os outros sinto exaustos de forças os meus membros e sem sangue o meu coração. As minhas pernas tremem, os meus braços não me obedecem; a minha face está em agonia; a febre queima-me a pele; os pensamentos se confundem no meu cérebro; todo o meu corpo está em convulsões de horror; o arco cai das minhas mãos (...) Não vejo nada de bom em matar em guerra os meus parentes e meus companheiros"

Quantas vezes recuamos diante da luta contra nós mesmos, contra aquilo que nos impede de crescer, de nos tornar mais éticos, íntegros, amorosos e fortes. Quantas vezes nos identificamos tanto com 'aqueles defeitinhos', como a preguiça, a maledicência, a inveja, a cobiça, a gula, a falta de comprometimento, a 'supersinceridade', os ciúmes, ou todo tipo de comportamento egoísta e materialista que nos afasta de nós mesmos, do nosso Eu superior, da conexão com o outro...quantas vezes fraquejamos diante desses defeitos que nos são tão familiares que parecem até nossos parentes! Já parou para pensar nisso?

Então Krishna, o mestre, responde:

"Donde te vem, ó Arjuna, essa covardia? Esta fraqueza, indigna de um homem, faz-te infeliz, pois te fecha as portas do céu. Não te entregues a ela; sacode de ti essa cisma desprezível; levanta-te resoluto e bravo, ó vencedor dos inimigos!"

(...) "Aquele que pensa, em sua ignorância: 'Eu mato' ou 'eu serei morto', procede como criança que não tem conhecimento da verdade, porque o que 'É' na realidade, é eterno, e o Eterno não pode matar nem ser morto".

Portanto, combater os próprios defeitos exige auto-conhecimento na medida em que nos questionamos: 'O que em mim é eterno, o que em mim sobreviverá ao tempo, ou seja, por séculos e milênios?', pois apenas aquilo que não morrerá é eterno, aquilo que é eterno reside no 'Eu sou', no mais, todo o resto perecerá. Investir no que é eterno, como uma semente que é lançada em terra às vezes meio árida, que precisa de muito cuidado para crescer e sobreviver, é a missão do filósofo que anseia pela sabedoria. Sabedoria esta que não têm, mas que quer muito alcançar...

O que em você é eterno? Quais as sementes do 'Eu sou' está cultivando? O que realmente importa? Você costuma enxergar os seus 'Kuravas' (defeitos)? Sabe enumerar seus 'Pandavas' (qualidades/virtudes - em essência)? Costuma ouvir a voz do seu mestre interior, Krishna, como Arjuna fez? Arjuna, o guerreiro que representa a humanidade na sua saga. 

Curiosidade: Hastinapura é a Cidade dos Elefantes porque na cultura da Índia o elefante representa sabedoria, olhos pequenos (para pouco enxergar o mundo exterior), orelhas grandes para muito ouvir e compreender, ele tem patas grandes, porém, no seu caminhar, respeita inclusive as trilhas das formigas (como um sábio deve fazer, respeitar a toda forma de vida). O mais importante é que tem 'vontade' inabalável, já que se ouvir um chamado da sua manada passará por qualquer obstáculo para se juntar aos seus. Assim deveria ser o homem, um ser de muita vontade.

Esse livro, que é na verdade uma sabedoria muito antiga que trata dessa batalha interna do ser humano e é um manual para quem está disposto a vencer a si mesmo, está disponível para aquisição na livraria da Nova Acrópole Brasil: http://www.lgbvirtual.com.br/

Na Nova Acrópole Cuiabá os alunos têm disponível a leitura comentada da obra todas as quartas-feiras, das 19h30 às 20h30, a atividade é gratuita.

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