segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Professora Lúcia Helena Galvão faz palestra em Cuiabá


A diretora e professora da Nova Acrópole Nacional, de Brasília, Lúcia Helena Galvão, trouxe uma história simbólica 'Os 10 touros' para representar a saga do homem conforme a sabedoria oriental durante uma palestra, no sábado (2/11), a partir das 20h, na Nova Acrópole Cuiabá, capital de Mato Grosso 

O que um garoto franzino, armado com uma cordinha e à procura de um touro tem a ver conosco? Muito. Ela explica que esse garoto 'somos nós'. Franzino porque vivemos um momento histórico em que a humanidade está muito débil diante do touro, que simboliza como na história do Bhagavad Gîta (epopeia hindu de 5 mil anos - Índia) os nossos 'kuravas' (ou defeitos/limitações), e está forte, valente, perigoso, vive a 'nos dar rasteiras'. O maior problema não é ter um touro, mas não saber como controlá-lo: na maioria das vezes ele, que deveria ser apenas um instrumento, tem o poder das decisões, guiando os homens ao pior de si, que são pelos instintos e, especialmente, egoísmo. É a falsa ideia da 'separatividade', dita por Platão e mostrada em uma síntese do seu trabalho, o Mito da Caverna.

'Que prisão é esta na qual nos encontramos'? Que touro é este? Eu tenho um? Será que eu tenho coragem de procurá-lo? Como fazer isso? Só para você entender, estar na caverna é como viver a simbologia do Minotauro, que é um homem com cabeça de touro porque o 'Eu animal' está no comando. Na caverna porque os homens acorrentados nem percebem que aquelas projeções na parede são falsas...eles são manipulados a partir dos seus instintos pelos homens da caverna. Mas, venha cá, quantas vezes não fomos nós esses senhores? Quantas vezes manipulamos os outros por sabermos mais ou por puro egoísmo? Lúcia Helena chama a atenção para que possamos fazer reflexões internas, já que o problema geralmente não é 'o touro do outro' e sim o próprio. "A melhor maneira de mudar o mundo é encarar o próprio touro, educá-lo, como fazemos com um cãozinho que adotamos e temos que mostrar cotidianamente, até ele aprender, onde comer, com fazer suas necessidades, como se comportar, exige-se paciência, perseverança".

O filósofo sabe que precisa procurar seu touro. Então sai em busca...quem procura acha. Mas, meio de lado, sem saber direito como fazê-lo, quer encarar o bicho...que parece muito grande! A inteligência e a estratégia são ferramentas importantes na hora de se domar esse animal aparentemente feroz. O herói Hércules mostrou uma técnica interessante: tapou-lhe as narinas, deste modo, sem ar, não resistiria. Para quem tem conhecimento da filosofia à maneira clássica, sabe, 'ar tem a ver com o corpo astral', ou seja, o que gostamos ou não de fazer, de onde nascem as motivações. "Depuração do gosto ajuda muito na educação do nosso touro, não é fácil, nem simples, mas vale a pena desenvolver novos hábitos de vida". Já o rapaz da historinha resolveu amarrar as pernas do touro, claro, num ato de coragem, o que simbolicamente nos mostra que 'é preciso ir na base', e onde nascem todas as coisas? No pensamento, no mundo das ideias. Ou seja, é preciso enxergar os defeitos como defeitos. Com essa visão clara de si mesmo, sem justificativas, sem verdades pela metade é possível realizar uma batalha mais justa..."Para combater defeitos é preciso admiti-los primeiro, saber a dimensão deles, analisar, é preciso ter coragem de admitir para si mesmo e não se justificar mais".

Teseu vence o Minotauro com a ajuda de Ariadne
Mais que força, inteligência e coragem

Várias civilizações têm seus heróis representando essa luta contra o touro...algumas, como a egípcia, já transcenderam, tornaram o touro apenas um veículo que possa servi-los a um bem supremo. O sábio, como Lao Tsé, mostra que isso é possível, há histórias sobre ele atravessando a China no lombo do seu boi, tocando uma flauta, tranquilo da vida, rumo a Índia. Isso representa o domínio completo de si mesmo, do seu Eu animal. Os 10 passos até chegar à unidade completa, como Buda e outros mestres, são o caminho da evolução humana, a saga do homem. Sem perder isso de vista, é possível dar os primeiros passos rumo à libertação e à iluminação. "A evolução não é uma condição inexorável, sem esforço, sem empreender a batalha todos os dias, o homem não vai chegar aonde deve chegar. Por isso qualquer passo é importante, ainda que pequeno". Lúcia lembra que há dois caminhos para se chegar ao touro, para educá-lo, um deles é por meio da consciência, à maneira filosófica, 'eu tenho um touro, vou procurá-lo', o outro é por meio das provas da vida, que quase sempre são mais dolorosas. "Ninguém deixa de ter desafios, mas quando estamos preparados para a batalha, quando refletimos e planejamos, o caminho se torna mais inteligível, sofremos menos, pois enxergamos tudo como oportunidades de crescimento".

Veja algumas fotos do evento, seguido por um delicioso jantar e apresentações culturais dos alunos da Nova Acrópole Cuiabá:


Lúcia Helena no início da palestra

Auditório cheio!

Depois do jantar, início das apresentações


Maisa, Sofia e Murilo: Pocahontas

Murillo e Sofia: Caçador de mim

Rose, declamação de 'Ambrosia'

Wilson em seu canto poético

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